Um levantamento, realizado em 2007 com vinte mil alunos ingleses de 16 anos, demonstrou uma forte relação entre refeições regulares à noite com a família e o bom desempenho no GCSE – exames escolares feitos por todos os secundaristas da Grã-Bretanha.
Os dados da pesquisa, que foram recentemente publicados pelo departamento de “Crianças, Escolas e Famílias” do governo britânico, estabelecem que os melhores resultados estavam entre os filhos de famílias que se reuniam para jantar.
Na Universidade de Minnesota (EUA), segundo o Journal of Nutrition and Behavior, pesquisadores que estudaram a alimentação de 5.000 crianças e adolescentes concluíram que, quando as crianças comem acompanhadas dos pais, consomem mais frutas, verduras e alimentos mais ricos em vitaminas. Em outra parte, o estudo indicou que filhos que fazem pelo menos três vezes por semana refeições com os pais correm menos risco de desenvolver hábitos como fumar, consumir álcool ou drogas.
É provável que pais, que tenham bons hábitos alimentares, consigam estimular ainda mais a ingestão de alimentos saudáveis nas refeições em que estão presentes, mas se eles não forem bons modelos e exemplos, ou se em vez de estimularem, forçarem, a lição dificilmente será apreendida.
A nossa entrevistada para refletir sobre a importância da presença da família nas refeições diárias é a psicóloga Maria Teresa Ramos de Souza que lembra ser necessário relativizar as informações para não cair no perigo de se atribuir aos rituais familiares maior importância do que à verdadeira comunicação. Veja abaixo a opinião da especialista.
Não concordo com uma correlação simplista de que o hábito de jantar em família influencie os resultados escolares e o comportamento dos jovens de forma tão marcante.
Na minha experiência clínica, observo que o padrão de comunicação familiar é que afeta os resultados da aprendizagem, o compromisso com as atividades escolares e os comportamentos assertivos dos jovens. Isso quer dizer, que os jovens quando são ouvidos pelos pais, e se sentem apoiados e orientados, aprendem o que é necessário. E, eles são ouvidos necessariamente durante as refeições? Essa seria a melhor hora? Claro que não! Quantas famílias jantam juntas, sem realmente conversarem?
Atualmente, observo, que, por conta das mudanças nas características da vida moderna e do mercado de trabalho, cada vez mais se torna difícil a reunião familiar à mesa, mesmo que apenas nos jantares. O fato, por exemplo, do pai e da mãe trabalharem fora e de estarem bem empregados, ou terem perspectivas para suas carreiras, leva os adultos a uma educação continuada, em busca de uma melhor formação nos MBAs, mestrados, pós… Geralmente o tempo que sobra para o convívio familiar, especialmente físico, é pequeno diante da agenda tanto dos pais quanto dos filhos, que também têm perspectivas mais amplas de desenvolvimento e aprendizado nas áreas, física, escolar, artística, de idiomas, etc.
Observo ainda, como se tornou importante o diálogo, a conversa entre pais e filhos, não só em momentos de confraternização, almoços, jantares, mas no dia a dia. Contudo, as conversas ganharam mais o sentido de “ordem”, de dizer o que o jovem tem que fazer/executar, sem parar para ouvi-lo, sem perceber suas dificuldades. E, o pior, as cobranças são feitas de forma conflituosa (mesmo que na hora da refeição).
Alguns pais não entendem porque os filhos não tiram notas altas, não passam de ano e comparam o filho a eles mesmos, dizendo: “quando era jovem, eu não tinha a metade do que o meu filho tem e, ainda trabalhava e estudava…”
Conforto, computadores, internet são bons, mas para a família toda, inclusive para quem provê. Mas, e o diálogo, como anda? Por internet? E-mails? MSN? Um check-list do que é para ser feito e estudado? às vezes, as famílias se perdem nas orientações…
Na maioria das vezes, o estudo costuma ser o “termômetro” das condições emocionais dos filhos. Então, escuto: “Meu filho está indo tão bem no colégio, estou muito orgulhoso, ele sabe exatamente o que tem de ser feito…” ou uma demonstração de insatisfação dos pais: “Meu filho está indo muito mal nos estudos, não sei o que fazer… acho que é um caso perdido”.
Será que toda família que consegue se reunir nas refeições mantém o diálogo (não monólogo!) vivo? Com certeza, baixos resultados escolares e comportamentos e escolhas perigosas dos jovens não estão apenas ligados à falta do encontro nas refeições familiares, mas, sim, a tantos outros desencontros entre pais e filhos que devem ser investigados…
* Entrevista concedida em outubro de 2008 para os sites Ig Educa e IBM. Psicóloga está credenciada no Facilitando sua Vida, na cidade do Rio de Janeiro/RJ.
6 de julho de 2014 às 19:01
gostei mto da materia.
Fabio
14 de dezembro de 2011 às 9:43
não necessariamanete tem que ser na janta o horário em que haja comunicação entre pais e filhos,mas que haja que este tempo aconteça antes que seja tarde
26 de abril de 2011 às 12:22
boa matéria